quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mas há um amor que não sei mais esconder


Então depois de tanto tempo aquilo continuava com ela. Agora parecia cada vez mais forte. Era como se nada e nem ninguém fosse capaz de arrancar aquilo que a habitava.
Existiu silêncio, ausência, medo, confusão, um vazio cheio de um nada. Houve tempos em que ficava a olhar o horizonte, perdida, sem rumo ou por que. Horizonte escuro aquele, como em dias chuvosos. Era só, e mais nada. E ela sempre ali, parada em frente à janela principal, olhando o céu cinzento e a chuva que caia com tanta força. Imaginando o que ele estaria fazendo, ou se imaginava o quanto pensava nele. Ele que a deixava sem rumo a mar aberto.
Apesar de sempre desejar que aquela história acabasse ali definitivamente, que se tornasse apenas pó e não lembranças - apesar de tudo - no fundo sempre restava aquela certeza, pulsando forte. Aquilo que por um motivo desconhecido até hoje fazia com que permanecesse ali e não conseguisse de maneira nenhuma, por mais que tentasse, apagar ele da sua vida.
Aqueles olhos estavam cansados. Pediam desesperadamente para serem fechados, mas eles mesmos não conseguiam se permitir isso. Estava frágil, sensível e forte ao mesmo tempo. Estava aguardando o tempo no qual acreditava que tudo ficaria bem.
E assim tudo muda repentinamente. Numa noite de clima perfeito, sentiu um cheiro inconfundível, e uma voz sussurrou suavemente: '- É primavera, e sempre haverá Paris'. Sorriu, abraçou-o e sentiu os olhos lagrimejarem. Amava-o! Não restavam dúvidas de que nunca deixou de amá-lo - mesmo tentado inúmeras vezes - aquele amor era forte demais. Era mais forte que ela, e talvez mais que ele também.
'Há um amor que não sei mais esconder, porque agora precisa de você também.' Não precisou dizer nada, ele sentia, e era impossível não ler nos olhos dela: eu te amo.
That what we had
Was all we ever need
Was all we'd ever need 


À você J., como sempre foi.

terça-feira, 22 de junho de 2010

Distante.

     E mesmo assim, tão longe quanto gostaria de ser.
Bom, eu não sei bem como dizer,
é que às vezes parece que eu sinto você aqui (...)

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Sol de outono

Assim como o sol de outono que aquece a manhã fria são seus olhos, serenos e profundos. Nem tão negros, nem claros. Parecem sorrir, e às vezes pedir a atenção. São lindos, talvez normais, mas lindos! Prendem-me por horas, sem imaginar. Questiono o porquê olhos tão distintos dos meus me olham assim. Não sou capaz de interpretar o que eles dizem. Apenas permaneço em silêncio, imaginando sem conseguir chegar a lugar algum. Não me importo. Aqueles olhos me acalmam, e eu me deixo ser tomada assim. Sinto segurança. E tanto faz se não falam a minha língua, ou se nada dizem. Basta que estejam ali, aqueles olhos que nos meus lêem: eu te amo.