segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Anedota consequente do abismo - part II

- Onde foi o amor, seu moço?
- Que amor menina?
- Aquele capaz de mudar o mundo para ver um só sorriso.
- Menina, contos de fada não existem. E amores de verdade perduram.
- Então não era amor de verdade seu moço?
- Olhe bem, e me diz... amor de verdade se devolve?

A menina silenciou com olhar cabisbaixo. Seu moço continuou:

- E o laço se desfaz?
- ...
- Amor de verdade paga conta? Ou ainda mede esforços?
- Mas...
- Já ouviu falar em amor de verdade, menina?
- A vida fica colorida, o coração transborda...
- Quem foi que lhe contou tanta mentira?

A rapariga, espantada, não entendia nada. Que é que seu moço estava tentando dizer? Será que não existia mesmo amor? Seu olhar lacrimejou triste.

- Então eu nunca amei seu moço?
- Amou menina, enquanto durou o sonho. Mas acabou, e não há mais nada que você possa fazer.
- E como um sonho pode acabar? É tão triste ter que acreditar que todo aquele amor que foi tudo de mais lindo em mim hoje foge com o vento que é forte.
- Foi lindo, mais não foi forte o suficiente. Foi desejo, loucura ou paixão... foi qualquer outra coisa, menos amor.

Intrigada a menina já não sabia mais o que dizer. Será que seu moço tinha razão? Seus olhinhos desesperados olhavam de um lado para o outro, mas tudo que via eram pinheiros e o vasto bosque coberto de neve. O sol se escondia por de trás das nuvens, como se sentisse a tristeza da rapariga.
A pequena caiu ao chão e desatou a chorar. Suas lágrimas quentes quase que derretiam a neve branca.
Seu moço tornou a caminhar.

- A onde vai, seu moço?
- Não chore, menina. Outras paixões virão!
- Não quero outras paixões, seu moço.
- A gente nunca escolhe menina. Nunca escolhe!

Seu moço foi embora.

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