domingo, 10 de abril de 2011

Sensaboria

Os raios de sol que penetravam os vidros da janela, embora não estivessem tão fortes, faziam com que contraisse os olhos que ardiam de tantas noites mal dormidas. Agora, isso já não acontecia por conta de alguém, era essa rotina cretina que a consumia. Aquilo estava a dois meses de amenizar e era isso que a confortava. Mas não só a semana massacrante fazia com que rejeitasse assim os raios de sol. A verdade é que estava cansada - não só fisicamente. Estava farta dos meio-termos daquela gente morna. Das desculpas mais do que esfarrapadas de pessoas levianas. Essa surficialidade que consumia. Esse não querer por completo ou não saber ser inteiro. Toda essa coisa inexa e desgastante que todos os que lhe cercavam pareciam levar da forma mais comum. Como se toda aquela promiscuidade tivesse algum fundamento. Mas não tinha. Ela não via fundamento algum. Esta cansada das coisa sureais. Das saudades verbais ou escritas, que eram cheias um vazio, um nada. Cheias daquilo que não era saudade. Farta de adjetivos supostamente afetivos, usados sem cuidado algum, desmoralizando a palavra afeto. As pessoas pareciam cada vez mais frias, robotizadas. A palavra amor agora era usada com descuido. Não que ela fosse a melhor pessoa para falar sobre amor, mas acreditava naquele sentimento que envolvia seus pais, mesmo depois de longos vinte e sete anos, e pelo visto seria assim, da mesma forma nos anos que estavam por vir.
Mas era silêncio, não tinha mais som de violino. Era monótono. O sol penetrava a janela, atingia sua pele e ela rejeitava. Não acreditava mais. Estava quase sem forças.

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